Direito, Políticas Públicas e Estado (DES 5878)

Créditos:8

Ativação:29/06/2018

Curso:Mestrado/Doutorado

Expiração:29/06/2023

Objetivos:
O objetivo desta disciplina é aprofundar a compreensão da relação entre as políticas públicas e o Estado. Embora faça sentido pensar nas políticas públicas como composição de arranjos jurídico-institucionais destinados fazer face à complexidade dos deveres estatais próprios do Estado de bem-estar, para a concretização dos direitos sociais, essa figura surge e se dissemina no Brasil à época do surgimento do neoliberalismo, nos anos 1990. Caracterizando-se o encolhimento da abrangência ampla do Estado social na Europa e EUA, as políticas públicas seriam propícias a viabilizar a ação focalizada do Estado, dirigida a objetivos mais delimitados.
Considerando que as expressões jurídicas do fenômeno estatal obedecem a dinâmica temporal própria, podendo haver, como ocorre no Brasil, uma Constituição dirigente ao tempo em que os Estados que lhe serviram de inspiração já viviam outra realidade, o estudo das modificações do Estado traz desdobramentos não evidentes sobre os modos de produção e execução dos direitos sociais. Entre esses, está a formulação e implementação de políticas públicas. A ideia de que se pode utilizar o direito de forma instrumental, isto é, realizando o desenho jurídico-institucional de políticas, com vista a certos fins, tem uma história crítica que merece ser examinada mais a fundo, de modo a propiciar um panorama mais realista ao pesquisador do direito interessado nessa temática.

Bibliografia:
AFONSO DA SILVA, Virgílio. Ideias e instituições constitucionais do século XX no Brasil: o papel dos juristas. Revista Brasileira de Estudos Políticos | Belo Horizonte | n. 111 | pp. 229-245 | jul./dez. 2015, pp. 229-244.
ARANTES, Rogério Bastos, e COUTO, Cláudio Gonçalves. (2010). Construção democrática e modelos de Constituição. Dados, 53(3), 545-585
BERGEAL, Catherine. Rédiger um texte normatif. Manuel de legistique. Paris; Berger-Levrault, 2012.
CALSAMIGLIA, Albert. Geografia de las normas de competência. Problemas de teoria del derecho. Doxa, 15-16, 1994, pp. 747-767.
COUTINHO, Diogo. Direito econômico e desenvolvimento democrático. Uma abordagem institucional. (tese, Faculdade de Direito da USP). São Paulo, 2014.
DURAN, Patrice. Genèse de l’analyse des politiques publiques. In Dicionnaire des Politiques Publiques. (Laurie Boussaquet, Sophie Jacquot e Pauline Ravinet, coords.) Paris: Les Presses de Sciences Po, 2004, pp. 232-241.
EASTON David.The Political System Besieged by the State. Political Theory, Vol. 9, No. 3 (Aug., 1981), pp. 303-325.
HAURIOU, Maurice (1856-1929). Aux sources du droit : le pouvoir, l’ordre et la liberté ([Reprod. en fac-sim.]) Maurice Hauriou. 1933.
HEIDEMANN, Francisco G. e SALM, José Francisco (orgs.). Políticas Públicas. Bases Epistemológicas e Modelos de Análise. 2ª ed., Brasília: Ed. UnB, 2010;
HOCHMAN, Gilberto; ARRETCHE, Marta; MARQUES, Eduardo (orgs.). Políticas públicas no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. fiocruz, 2007.
IMMERGUT, Ellen. “As regras do jogo: a lógica da política de saúde na França, na Suíça e na Suécia”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, № 30, 1993.
LE GALÈS, Patrick, e VEZINAT, Nadège. L’État recomposé. Paris: PUF, 2014.
MAC CORMICK, Neil e Weinberger, Ota. Introduction. In Neil Mac Cormick e Ota Weinberger. An Institutional Theory of Law. Dordrecht, Holanda: D.Reidel Publishig Company, 1992, 2a. impressão, pp. 1-30.
MURKENS,Jo Eric Khushal. The Future of Staatsrecht: Dominance, Demise or Demystification? The Modern Law Review, Vol. 70, No. 5 (Sep., 2007), pp. 731-758.
PIERSON, Paul. Dismantling the welfare state? Reagan, Thatcher and the politics of retrenchment. New York: Cambridge University Press, 1994
RENARD, Didier. L’analyse des politiques aux prises avec le droit, brèves remarques sur un débat. In L’Analyse des Politiques Publiques aux Prises avec le Droit. Didier Renard, Jacques Cailosse e Denys de Béchillon (coords.). Paris: LGDJ, 2000, pp. 9-26;
SEIDMAN Ann; SEIDMAN Robert B., ILTAM: Drafting Evidence-Based Legislation for Democratic Social Change, 89 B.U. L. Rev. (2009).
SEIDMAN Ann; SEIDMAN Robert B., Instrumentalism 2.0: Legislative Drafting for Democratic Social Change, 5 Legisprudence (2011).
SKOCPOL, Theda. Bringing the State back in: strategies of analysis in current research. In P. Evans, D. Rueschemeyer, & T. Skocpol (Eds.), Cambridge: Cambridge University Press, 1985, pp. 3-38.
STEINMO, Sven; THELEN, Kathleen e LONGSTRETH, Frank. Structuring Politics. Historical Institutionalism in Comparative Analysis. Cambridge University Press, 1992.
SUNSTEIN, Cass R. Simpler. The future of government. New York: Simon and Shuster, 2013.
TEUBNER, Gunther. Dilemmas of law in the welfare state. Berlim: Walter de Gruyter &co., 1988.
TIJSTERMAN, Sebastiaan. Reconsidering the Idea of the State. Administrative Theory & Praxis, Vol. 30, No. 4 (Dec., 2008), pp. 497-504
TRUBEK, David; GARCIA, Helena A.; COUTINHO, Diogo; SANTOS, Alvaro. Law and the New Developmental State. New York: Cambridge University Press, 2013.
VERMEULE, Adrian. Instrumentalisms. Reviewed Work: Law as a Means to an End: Threat to the Rule of Law by Brian Z. Tamanaha. Harvard Law Review, Vol. 120, No. 8 (Jun., 2007), pp. 2113-2132.

Ministrantes